O que é a compostagem? Como fazer?

O que é a compostagem?

A compostagem é a transformação biológica de matéria orgânica (de origem doméstica, urbana, industrial, florestal ou agrícola) em adubo, podendo ser usada em jardins caseiros ou na produção agrícola.

Existem sistemas onde ocorre produção excessiva de nutrientes, como aviários ou confinamento de gado, e locais onde os nutrientes são demandados para a atividade agrícola, como as lavouras de produção. A sustentabilidade envolve também a transferência de nutrientes dos primeiros ecossistemas para os segundos, e desta forma a compostagem é uma ferramenta fundamental neste processo, pois acelera a decomposição de resíduos vegetais e animais, reduz perdas de nutrientes e aumenta a troca de nutrientes entre os diferentes sistemas de produção.

Vale lembrar que uma aplicação sem tratamento destes resíduos orgânicos pode causar prejuízos através da liberação de elementos tóxicos e ausências nutricionais temporárias. Os locais de geração dos resíduos podem gerar impactos ambientais negativos ao solo e recursos hídricos, logo o tratamento e transporte se tornam importantes, demandando uma integração entre produção vegetal e animal, resultando em maior eficiência do manejo de recursos e menor dependência de insumos externos, além de menor geração de resíduos.

Assim, a compostagem consiste na biodegradação de resíduos orgânicos, transformando-os em adubo, em um processo predominantemente aeróbio (com presença de oxigênio), com uma longa fase de temperatura elevada (55°C a 70°C), montando os materiais em pilhas ou leiras. Os resíduos devem ser adequados para o processo, principalmente quanto à relação carbono/nitrogênio, porosidade e umidade inicial. Pode-se usar resíduos orgânicos como estercos animais (boas fontes de nitrogênio), aparas de madeira (fonte de carbono e porosidade), restos vegetais de culturas agrícolas e podas de árvores. Durante o processo, deve-se observar as temperaturas atingidas, o tempo do processo e a atividade biológica, sendo fatores importantes para a eliminação de patógenos.

Quanto à duração do processo, esta é determinada pelas características da matéria-prima, velocidade de decomposição e especificações desejadas no produto final, podendo durar alguns dias ou até meses. Quanto maior o período de compostagem, mais estabilizado e maturado será o produto final, porém, resultando também em maior custo do processo e maiores perdas de massa e nutrientes (principalmente de nitrogênio) (Leal et al., 2013).

Para o preparo do composto, duas fontes de matéria-prima são necessárias: os restos vegetais e os meios de fermentação. Os meios de fermentação são os materiais que irão fermentar quando amontoados e umedecidos, sendo responsáveis pela multiplicação e disseminação dos microrganismos. São os estercos, camas animais, resíduos de matadouros, frigoríficos, tortas vegetais etc. Quanto aos restos vegetais, quanto mais variados forem estes restos, menor será a tendência à compactação, que é mais intensa quando se emprega um só tipo de restos vegetais.

Adubação verde – O que você precisa saber

O que é adubação verde?

Adubação verde, também chamado de cobertura verde, é a planta, cultivada ou não, que tem como finalidade elevar a produtividade do solo através do melhoramento da fertilidade causado pela massa vegetal incorporada ao solo ou mantida na superfície.

O uso da adubação verde voltou a ser uma prática viável para a manutenção e/ou elevação da produtividade dos sistemas agrícolas, anuais ou perenes, a partir da elevação dos preços dos insumos tradicionais, principalmente dos adubos nitrogenados. 

Quando bem realizada, a adubação verde resulta em um maior lucro líquido final, além de deixar o solo em melhores condições.

A adubação verde pode ser feita em rotação de culturas, sucessão de culturas ou em consórcio com a cultura principal.

Efeitos da adubação verde no solo

A adubação verde proporciona diversos benefícios químicos, físicos e biológicos no solo que irão refletir diretamente na produtividade agrícola.

Efeitos químicos da adubação verde no solo

Quanto aos efeitos químicos, diversas leguminosas podem fixar nitrogênio atmosférico em associação com bactérias. O uso dessas espécies como plantas de cobertura pode reduzir o custo de produção, reduzindo a necessidade de fertilizantes nitrogenados.

Além disso, o alto aporte de fitomassa aumenta o teor de matéria orgânica no solo, resultando em aumento da CTC do solo, e, consequentemente, maior retenção de nutrientes, reduzindo as perdas por lixiviação.

Ainda, durante a decomposição dos resíduos vegetais, são produzidos ácidos orgânicos que podem se ligar aos íons de alumínio, reduzindo o alumínio tóxico no solo.

Ocorre também uma reciclagem de nutrientes quando as raízes das plantas capturam os nutrientes nas camadas subsuperficiais do solo, e o liberam na camada superficial após o corte das plantas e decomposição dos resíduos, tornando os nutrientes novamente disponíveis para as plantas de cobertura.

Quanto ao fósforo, os adubos verdes promovem o desenvolvimento de microrganismos envolvidos na liberação de enzimas que promovem a solubilização de fosfatos, tornando estes disponíveis para as plantas. Estas enzimas possuem maior atividade em modelos de agricultura com baixa aplicação de fósforo solúvel do que modelos com alta aplicação, pois estas enzimas são adaptativas, influenciadas pela demanda de fósforo das plantas, tendo sua atividade inversamente proporcional à disponibilidade do nutriente. Além disso, ácidos orgânicos liberados pelos adubos verdes podem competir pelos sítios de adsorção com o potássio no solo, deixando o nutriente mais disponível para as plantas.

Quanto ao potássio, as plantas de cobertura possuem grande capacidade de reciclar o nutriente, sendo liberado rapidamente dos tecidos vegetais, com pequena dependência dos processos microbianas. Assim as raízes das plantas de adubação verde resgatam esse nutriente das camadas mais profundas do solo, disponibilizando-os na camada superficial.

Efeitos físicos da adubação verde no solo

O aumento da matéria orgânica no solo, causada pela adubação verde, promove também efeitos físicos, como a estabilidade de agregados, densidade do solo, porosidade, taxa de infiltração de água e retenção de umidade. Estas mudanças também melhoram a aeração do solo e desenvolvimento das raízes.

As plantas de cobertura também proporcionam uma proteção física contra o impacto das gotas de chuva, reduzindo a desagregação das partículas de solo e consequentemente a erosão.

Uso da adubação verde para a recuperação de solos degradados

Os solos podem se tornar degradados por atividades agrícolas através da eliminação de florestas / matas nativas, uso de solos inaptos, exposição do solo à fatores erosivos / intempéries, plantio convencional, uso insuficiente ou excessivo de fertilizantes e de água de irrigação, uso inadequado de máquinas e equipamentos agrícolas e ausência de práticas conservacionistas. A degradação abrange a perda da capacidade de produção ou do potencial de uso econômico.

Para recuperar estas áreas, existem diversas práticas e ferramentas disponíveis, sendo o uso de plantas de cobertura uma das mais importantes para a recuperação destas áreas.

Neste conteúdo, não iremos focar nos detalhes do processo de degradação, mas sim no uso das plantas de cobertura para a recuperação dos solos degradados.

A recuperação de áreas degradadas inclui algumas metas:

  • Aumento do teor de matéria orgânica no solo;
  • Aumento do teor de nutrientes no solo;
  • Aumento da biodiversidade;
  • Melhorar a qualidade e disponibilidade de água;
  • Promover equilíbrio entre os componentes bióticos e abióticos do sistema;
  • Promoção da cobertura viva no solo durante todo o ano;
  • Aumento do desenvolvimento de raízes agressivas para promover boa ciclagem de nutrientes, aeração, agregação, atividade biológica e rompimento de camadas adensadas;
  • Reduzir ou eliminar processos de degradação;
  • Reduzir a erosão do solo.

Benefícios dos adubos verdes / cobertura verde no solo

Os adubos verdes influenciam as características químicas, físicas e biológicas do solo, conforme as características de cada espécie de planta.